Escrever sobre o disco de estréia da Cachorro Grande, batizado simplesmente com o nome da banda, é como escrever sobre um grande amigo. Tão difícil quanto. Talvez os três anos desde o lançamento gaúcho desse disco, que a Deckdisc faz a justiça tardia ampliando o alcance dele para o resto do Brasil, facilitem esse trabalho. Em 13 faixas, os quatro mods do apocalipse gaúcho oram a Beatles, The Who, Small Faces, Stones e Dylan. Mas no sincretismo pop acendem velas a outros apóstolos roqueiros dos anos 60 e 70, abrem espaço até para um jazz de cabaré, acentuam com pitadas pop contemporâneas e mergulham o terço que carregam em ácido lisérgico e doses cavalares de cerveja.
O resultado é exatamente o que parece a combinação acima, às vezes pontuada por doses absurdas de peso, às vezes requebrando em suingue de Rhythm’n’Blues acelerado. Mas sempre rock. Delicioso como este deve ser. A primeira música, “Lunático”, é de Marcelo Gross, guitarrista de talento estupendo. Tal qual um Pete Towshend entre o mod e a destruição de palco, Gross é capaz de girar os braços, executar os pulos de pernas abertas enquanto sola sem perder o tempo da música nem o “chapéu de Bob Dylan”. E, mais importante, é capaz de produzir pérolas pop eternas, como “Lunático”.
Na seqüência, “Sexperienced”, composta pelo baixista Jerônimo Bocudo. Assim como sua outra contribuição em assinatura solo no disco (“Cleptomaníaca de Corações”), “Sexperienced” é a mostra do que seria a Jovem Guarda se esta cumprisse a promessa de Roberto Carlos e acelerasse a 300km por hora. Sem refresco para os tímpanos, emendam “Debaixo do Chapéu”, selo psicodélico sob a língua do vocalista Beto Bruno. Enquanto isso, lá no fundo do palco, Gabriel não dá descanso a seu kit de bateria, como se Keith Moon ameaçasse retornar do além para roubar suas baquetas. Em “Lili”, quem mostra as credenciais é o pianista Pedro Pelotas, que mais tarde seria efetivado como quinto elemento da trupe.
E o ácido retorna num flashback intenso, como um upper no queixo, em “Pedro Balão”. “Fantasmas” é um rock ganchudo, que fica num estimulante duelo de morde-assopra com o suingue da guitarra de Gross. Quando os quatro partem para uma balada, esta, obviamente, não atende ao formato quadradão tradicional. “Sintonizado” é a prova disso. A melodia e ritmo reto da embalagem da fórmula do pop derretem numa viagem lisérgica. “Dia Perfeito” é o momento cabaré da banda, empacotada para se ouvir estalando os dedos da mão esquerda e com uma dose dupla de uísque na direita.
A noite vira dia, e o cabaré transforma-se num parque de diversões. Na empolgante “Vai T.Q.Dá”, assumem o volante de um carrinho bate-volta, mudam radicalmente a cadência da música no meio desta até atingir o ponto em que cada um dirige desvairadamente para o lado que der na telha. No minuto final, todos voltam a se encontrar. Se bem que isso, claro, não significa uma trégua.
A pancadaria iniciada na 10ª música dá um gás final ao disco, que é mantido na sempre crescente “O Tempo Está do Meu Lado”.
“O Dia de Amanhã” mostra que os quatro debutaram como veteranos. Invadiram o estúdio sabendo exatamente o que queriam, e comprovam nesta balada que ganha dramaticidade no piano de Pelotas e no solo de Gross.
“(Os Doces Exóticos de) Charlotte Grapewine” marca o grand finale. Mas só no papel, pois um minuto após o término do tempo regulamentar do disco, eles retornam com um punk visceral que não faria feio no stoogeano Raw Power.
Termino o texto sem saber se fiz justiça na apresentação deste meu grande amigo. O que posso garantir, além da descrição acima, é que este é um companheiro que nunca lhe deixará na mão. Nunca me deixou. E que se este for um desconhecido para você, se você ainda não teve a chance de escutá-lo, tirou a sorte grande. Quisera eu reviver a primeira experiência de colocá-lo para bater um papo comigo no CD player.
Escrito pelo jornalista Luiz César Pimentel, em 2001.
Faixas:- Lunático
- Sexperienced
- Debaixo do chapéu
- Lili
- Pedro Balão
- Fantasmas
- Cleptomaníaca de corações
- Sintonizado
- Dia perfeito
- Vai T. Q. dá
- O tempo está do meu lado
- O dia de amanhã
- (Os doces exóticos de) Charlotte Grapewine
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Tamanho:60MB
As próximas horas serão muito boas - 2004
Release:
Sabe quando surgem aquelas bandas lá fora, que todo mundo “enche a bola” dizendo que é a nova “salvação do rock”, a “bola da vez” e que entope a programação das rádios com suas músicas? Pois é... Essas bandas sempre são tratadas como o que há de melhor no mundo, mas ninguém nunca se deu conta de que uma dessas bandas pode estar aqui, no Brasil, tocando o mais verdadeiro rock e cantando na nossa língua. Já pensou nisso?
Respaldados por elogios de gente como Dinho (Capital Inicial), Samuel Rosa (Skank) e Edgard Piccoli (MTV), a Cachorro Grande, formada em meados de 99, tem a formação clássica de uma banda de : Beto Bruno (voz), Marcelo Gross (guitarra), Jerônimo Bocudo (baixo), Gabriel Azambuja (bateria) e o fiel escudeiro Pedro Pelotas (piano) já haviam mostrado com seu primeiro CD, homônimo, em 2001, que ali estava surgindo uma banda para a história do brasileiro. Foi desse primeiro disco os três primeiros da banda: “Sexperienced”, “Debaixo do Chapéu” e “Lunático”, cujo videoclipe concorreu ao VMB de 2003, na categoria “Banda Independente”.Nesse inverno, a banda lança seu segundo CD “As Próximas Horas Serão Muito Boas”, pela Revista Outracoisa (a do Lobão); um disco cheio de , gravado desde agosto de 2003 e ignorado por diversas gravadoras, mas que esta aí para provar o que foi dito lá em cima. A primeira música de trabalho, “Que Loucura”, já é sucesso nas rádios do sul do país e também entre os fãs. Disponível no site da banda, já ultrapassou a marca de 12.000 downloads.
Escrito por Leandro “Lelê” Bortholacci, em junho de 2004.
Faixas:- As coisas que eu quero lhe falar
- Hey amigo!
- Você pode até pegar
- Tudo por você
- Olhar pra frente
- Agoniada
- Me perdi
- As próximas horas serão muito boas
- Você não sabe nada
- Enquanto o trem que espero não vem
- Sem problemas
- Que loucura!
- O truque do ovo
- Insatisfeito
Tamanho:71mb
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Pista Livre - 2005
AQUI!
Site oficial: http://www.cachorrogrande.com.br
A merda é que o vocalista, Beto Grande do Cachorro Bruno é colorado!
Cachorro Grande é bom, na verdade gosto deles por 3 motivos: Primeiro - são gaúchos e o vocalista é colorado, e isso pra mim são pontos positivos.
ResponderExcluirSegundo - A música agrada bastante, pois hoje em dia esses rockzinhos por aí...não estão com nada, as vezes se salva uns, como é o caso deles.
Terceiro: tenho uma teoria, quando os caras são muito feios eu paro pra ouvir, algo de bom devem ter. E eles tive que parar, e gostei. Legal que vcs estão postando Rock Nacional, tem bastante coisa boa aqui também.
Cachorro Grande é melhor que cachorro pequeno, apesar de comer muito e dormir mais.Toda banda de rock brasileira é suspeita, começa grande e continua pequeno! Mas gosto do Cachorro Grande. Outro dia estive no Morro da Polícia e de lá avistei toda a cidade é pensei : Onde estará Cachorro Grande Agora? Então disse ao vento que soprava naquele momento : "Que Loucura". Aproveito para perguntar ( Mas não é necessário nenhuma resposta ---Por quê gaúcho usa bombacha, tchê ( Não o Guevara)? Ah! ah! ah!
ResponderExcluirStraight Ahead!
P.S. Ventos sopram do Sul!!
´´...Os cristãos batiam cascos, os mouros se defendiam
ResponderExcluirespadas, lanças cruzadas traçavam rumos na história!
Os orientais ostentavam calças largas que faziam,
mais leves às cavalgadas, na derrota ou na vitória...
Era a bombacha chegando, para gaúdeos do campeiro
que cavalgou nos potreiros laçando, fazendo aparte...
P'ra bailanta, hora de arte,
jogo de osso, carteado,
era a veste domingueira,
feita de brim ou riscado!
Viva a bombacha, tchê! Viva a bombacha!
Não interessa se faz frio, ou sol que racha!
Foi depois da grande guerra, me falou um castelhano
que a bombacha foi usada pelos gaúchos pampeanos...
Historiadores da terra garantem que o nobre pano
é uma herança legada por beduínos araganos...
A verdade é que a bombacha é de muitos continentes,
mas foi com nossos valentes que ganhou notoriedade!
Uniu o campo à cidade e a juventude do pampa,
lhes dando uma nova estampa
Raízes e Liberdade!...´´
Viva a Bombacha, Leonardo.
Buenas, seu JH II! Grato pela ilustre e sempre divertida visita!