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“Este review trata do quarto álbum de estúdio, considerado o melhor por muitos fãs, lançado em 1972 (que boa safra teve esse ano para o rock progressivo) chamado "Octopus". Quem ficou encarregado pela arte da capa do disco foi Roger Dean, famoso pelos seus trabalhos com o Yes, Uriah Heep, Budgie, Asia, Rick Wakeman, entre outros. O nome foi uma idéia da esposa de Phil Shulman, inspirada nas oito musicas da obra: “Octo-Opus”.
Neste disco, o prog calculado, experimental e a fusão de estilos atingem seu ápice na discografia da banda. Um exemplo do experimentalismo está em “Raconteur Troubador”, onde a intenção musical e lírica foi recriar uma música que remonta aos tempos dos trovadores medievais na Inglaterra, tudo com o brilho dos arranjos do Gigante.
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Acima, capa lançada nos EUA Se você acha que “Bohemian Rhapsody”, do Queen, possui um complexo trabalho vocal, ouça a esquizofrênica, delicada e inteligente “Knots”, inspirada no existencialismo do psiquiatra escocês Ronald David Laing que conta com um dos mais elaborados trabalhos vocais e instrumentais que já foram feitos no rock progressivo.
Em “Dog´s Life” a banda faz uma homenagem aos seus roadies. Na melhor ironia inglesa, a paródia é feita numa comparação entre a vida de um cachorro e a vida dos roadies.
Os músicos mostram tudo o que sabem em “The boys in the band”, a música da moeda, como ficou conhecida entre os fãs brasileiros. Nesta faixa instrumental, mudanças de andamento e sobreposição de instrumentos são milimetricamente calculados.
“The Advent of Panurge”, “River” e “A cry for everyone” são típicas obras do prog anos 70 que fazem a alegria de quem gosta do estilo.
Antes de terminar esta resenha, necessário é fazer uma ressalva importante ao leitor: ao ouvir o álbum, preste atenção nos detalhes das músicas. Não se atenha ao instrumento da melodia principal. O Gentle Giant foi uma das bandas que mais soube explorar o que a música pode oferecer, sem barreiras, o que traz uma riqueza de detalhes muito grande à sua obra. Basta lembrar que todos os músicos tocavam mais de um instrumento, o que é um recurso muito útil a uma banda que pode-se dizer que fazia da música um estudo.
Não há como não recomendar qualquer vídeo da banda tocando ao vivo, pois como eles reproduziam tudo que era feito no estúdio, é interessante ver os músicos trocando de instrumento toda hora, vide o baixista, violinista, guitarrista e vocalista Ray Shulman, e como os complexos trabalhos vocais, como “Knots”, eram reproduzidos perfeitamente em cima do palco (o Queen fazia playback).
Espero que se você não conhecia esta banda, que este seja o primeiro passo para muitas descobertas e viagens que os ingleses podem oferecer! São altamente recomendáveis os sete primeiros álbuns, com um destaque para o “In a glass house”, de 1973.
Aos apreciadores da boa música, boa viagem!
Texto elaborado por Elias Varella em 09/04/08, no
Whiplash .
Músicos:
- Gary Green / guitarras, percussão
- Kerry Minnear / teclados, vibrafone, percussão, cello, Moog, vocais
- Derek Shulman / vocais, alto saxofone
- Philip Shulman / saxofone, trompete, mellofone, vocais
- Raymond Shulman / baixo, violino, guitarrra, percussão , vocais
- John Weathers / bateria, percussão, chilofone
1. The Advent of Panurge — 4:40
2. Raconteur Troubadour — 3:59
3. A Cry For Everyone — 4:02
4. Knots — 4:09
5. The Boys In The Band — 4:32
6. Dog's Life — 3:10
7. Think Of Me With Kindness — 3:33
8. River — 5:54
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Senha/Pass: lagrimapsicodelica