quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Triptykon - Eparistera Daimones (lançamento, 320 kbps+Art com a obra do master of masters H.R.Giger)

Em 2006, um dos grupos mais influentes da história do heavy metal extremo parecia ter um futuro promissor pela frente. Após mais de uma década de hibernação, o Celtic Frost havia voltado à ativa com um álbum excelente - "Monotheist", muito bem aceito pelos fãs e pela crítica -, e tudo indicava que o grupo suíço iria engatar uma sequência de ótimos discos.
Mas não foi o que aconteceu. Divergências pessoais e diferenças musicais fizeram com que seu principal integrante, o vocalista e guitarrista Tom Warrior, saísse da banda em maio de 2008, deixando para trás, segundo informações do próprio músico, material já composto para aquele que seria o sucessor de "Monotheist".
Um dos artistas mais criativos, talentosos e influentes do heavy metal, Tom Warrior não poderia ficar parado por muito tempo – e, para nossa sorte, não ficou. Logo após o anúncio de sua saída do Celtic Frost Warrior montou uma nova banda, batizada de Triptykon, ao lado do guitarrista V. Santura, da baixista Vanja Slajh e do baterista Norman Lonhard.
A banda começou a gravar a sua estreia, batizada como "Eparistera Daimones" (“demônios à esquerda”, em grego), em agosto de 2009. As sessões se estenderam até o final de novembro. Com o disco pronto, a banda assinou com a Century Media, que lançou o álbum no dia 22 de março de 2010.
"Eparistera Daimones" é um disco muito mais sombrio, pesado e agressivo que "Monotheist". O simples ato de apertar o play no CD player deixa tudo ao seu redor mais denso, escuro e sinistro.
É difícil classificar o álbum em um gênero específico. É black metal, mas não é só isso. Há também elementos de doom, gótico e thrash em suas nove faixas. O uso de andamentos mais arrastados, casados com perfeição com guitarras afinadas em tons mais baixos, fazem com que o peso seja uma das principais características de "Eparistera Daimones". Gigantescas doses vindas diretamente da mãe de todas as bandas de heavy metal, o Black Sabbath, carregam as guitarras com riffs arrastados e pesadíssimos. Os arranjos levam as faixas por caminhos inusitados e sempre criativos.
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O nível das composições de Tom Warrior é altíssimo, e mostram que o músico suíço, apesar de ter uma carreira que já dura mais de vinte e cinco anos e conta com passagens por nomes seminais do som pesado como Hellhammer e Celtic Frost, tem muitas cartas na manga ainda. “Goetia” é uma odisséia de onze minutos de duração que abre o disco de maneira espetacular. Quem sente calafrios só de olhar para a duração de faixas mais longas, julgando-as automaticamente como chatas e repetitivas, deveria ouvir esse som todos os dias.
“Abyss Within My Soul” é construída a partir de um riff totalmente doom, e conta com uma grande interpretação vocal de Tom Warrior. “In Shrouds Decayed” conta com uma introdução bem climática de guitarra, temperada com a voz de Warrior carregada de efeitos que a deixam ainda mais sombria. “A Thousand Lies” é a mais rápida do disco, com riffs bem thrash.
“Descendant” é um dos melhores momentos do álbum, com riffs pesadíssimos e rastejantes bem na escola de Tony Iommi. “Myopic Empire” é outra ótima faixa. Nela, os vocais lembram claramente, nas passagens mais lentas, o Alice in Chains. “Myopic Empire” conta também com uma soberba passagem de piano combinada a um vocal feminino arrepiante, e que dá um acento gótico bastante interessante à composição. A influência gótica é elevada ao máximo em “My Pain”, uma belíssima composição com vocais femininos que destoam completamente do restante do disco.
O álbum fecha com “The Prolonging”, uma perturbadora jornada de quase vinte minutos que transita com absoluta competência e naturalidade pelo black, doom, thrash e metal clássico. Um encerramento espetacular para um álbum excelente.
Vale mencionar também a arte da capa do álbum. Warrior mantém uma longa relação com o lendário artista plástico suíço H.R. Giger. Uma das obras de Giger ilustra a capa do clássico "To Mega Therion", lançado pelo Celtic Frost em 1985. Além disso, Giger é reconhecido mundialmente pelo seu trabalho, tendo recebido inclusive um Oscar pela concepção visual do filme "Alien: O Oitavo Passageiro". A obra que ilustra a capa de "Eparistera Daimones" é um trabalho de Giger intitulado "Vlad Tepes". Já a arte do encarte ficou a cargo do norte-americano Vincent Castiglia, que pintou retratos dos integrantes da banda como se os tivesse produzido com sangue, alcançando um resultado final ao mesmo tempo belo e aterrorizante.
A julgar pelo que se ouve em "Eparistera Daimones", o Celtic Frost perdeu demais com a saída de Tom Warrior. Se, como ele já disse em inúmeras entrevistas, as músicas que compõe o disco de estreia de seu novo grupo estariam, a princípio, no sucessor de "Monotheist", o Celtic Frost deixou de gravar mais um clássico em sua discografia. Em compensação, Thomas Gabriel Fischer mostra porque é considerado, com imensa justiça, um dos músicos mais influentes da história do heavy metal. "Eparistera Daimones" é um ótimo disco, que já nasce com cara de obra fundamental. Extremamente recomendável!
(Whiplash)
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Tom Gabriel Warrior - Vocais, Guitarra
Norman Lonhard – Bateria, Percussão
V. Santura - Guitarra, Vocais
Vanja Slajh – Baixo

1. Goetia 11:00
2. Abyss Within My Soul 09:26
3. In Shrouds Decayed 06:56
4. Shrine 01:43
5. A Thousand Lies 05:28
6. Descendant 07:41
7. Myopic Empire 05:47
8. My Pain 05:19
9. The Prolonging 19:22

PARTE 1
PARTE 2



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