quarta-feira, 18 de junho de 2008

The Beatles: Abbey Road


PAUL IS DEAD... PAUL IS DEAD... PAUL IS DEAD
Abbey Road
é o 12° e penúltimo álbum dos Beatles. Foi publicado em 26 de setembro de 1969, levando o mesmo nome de uma rua de Londres onde ficava o estúdio Abbey Road. Foi produzido e orquestrado por George Martin para a Apple Records.

Apesar de ter sido o penúltimo álbum lançado pela banda, foi o último a ser gravado. As músicas do último disco lançado pelos Beatles, Let It Be, foram gravadas alguns meses antes das sessões que deram origem a Abbey Road. O álbum é considerado um dos melhores do grupo e parecia que os momentos de turbulências tinham passado e tudo havia voltado ao normal entre eles.

George Martin considera Abbey Road o melhor disco que os Beatles fizeram. E não é por menos: ele é o mais bem acabado de todos, um dos mais cuidadosamente produzidos (comparável somente a Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band). Sua estrutura foi bastante pensada e discutida, e as visões discordantes dos integrantes da banda só contribuíram para a riqueza da criação final.

Também foi em Abbey Road que George Harrison se firmou como um compositor de primeira linha. Após anos vivendo sob a sombra de John Lennon e Paul McCartney, ele finalmente emplacou dois grandes sucessos com este álbum: Here Comes the Sun e Something. Ambas foram regravadas incessantemente ao longo dos anos, sendo que Something chegou a ser apontada como a segunda música mais interpretada no mundo, atrás somente de Yesterday, também dos Beatles.

Este disco foi marcado pelo uso de novos recursos tecnológicos que estavam surgindo na época. Um deles foi o sintetizador Moog, que começava a ser utilizado em maior escala dentro do rock. Ele possibilitava que virtualmente qualquer som fosse gerado eletronicamente. O Moog pode ser notado claramente em músicas como Here Comes the Sun e Because. Por seu trabalho em Abbey Road, os engenheiros de som Geoff Emerick e Phillip McDonald ganharam o Grammy.


Lista das Faixas

  • Todas as canções escritas por Lennon/McCartney, exceto onde indique o contrário:
  1. "Come Together" — 4:20
  2. "Something" (Harrison) — 3:03
  3. "Maxwell's Silver Hammer" — 3:27
  4. "Oh! Darling" — 3:26
  5. "Octopus's Garden" (Starr) — 2:51
  6. "I Want You (She's So Heavy)" — 7:47
  7. "Here Comes the Sun" (Harrison) — 3:05
  8. "Because" — 2:45
  9. "You Never Give Me Your Money" — 4:02
  10. "Sun King" — 2:26
  11. "Mean Mr. Mustard" — 1:06
  12. "Polythene Pam" — 1:12
  13. "She Came in Through the Bathroom Window" — 1:57
  14. "Golden Slumbers" — 1:31
  15. "Carry That Weight" — 1:36
  16. "The End" — 2:19
  17. "Her Majesty" – 0:23

Origens do álbum

Após as desastrosas sessões de gravação do álbum então chamado de Get Back (mais tarde intitulado Let It Be para publicação), Paul McCartney sugeriu ao produtor George Martin que os Beatles se reunissem e fizessem um álbum "como nos velhos tempos... como a gente fazia antes", gravado ao vivo, sem overdubs e, logicamente, livres dos conflitos que começaram com as sessões de The Beatles (mais conhecido como Álbum Branco). Martin aquiesceu, mas com a condição que a banda se comportasse "como nos velhos tempos", e o resultado final foi este álbum, considerado por muitos críticos como o melhor da banda.

Quando foi gravado na época do vinil, o álbum tinha dois lados bem distintos entre si, a fim de agradar tanto a Paul McCartney como a John Lennon individualmente. O lado um, que ia de "Come Together" a "I Want You", e foi feito para agradar a Lennon, é uma coleção de faixas individuais, enquanto que o lado dois (para agradar a McCartney) contém uma longa coletânea de curtas composições que seguem sem interrupção. A seqüência de juntar músicas inacabadas criadas por McCartney e Lennon em um enorme pout-pourri foi uma das grandes criações de Paul dentro dos Beatles, senão a maior. No entanto, assim como Sgt. Pepper's, considerar Abbey Road um disco conceitual é um engano.

Sobre as músicas

  1. "Come Together" (Lennon/McCartney) - A música que abre Abbey Road é uma das marcas registradas de John Lennon. Ela foi feita a pedido do guru do LSD, Timothy Leary, que concorreria a governador da Califórnia. A inspiração política não veio, mas Lennon terminou a música e a incluiu no disco. A "luz" veio de uma canção de Chuck Berry, da qual John copiou inclusive parte de um verso. No entanto, o arranjo dos Beatles é mais arrastado, onde o baixo se sobressai, com toques marcantes de guitarra. Anos depois, Lennon admitiu a "influência" e foi levado à Justiça, mas a ação acabou em um acordo.
  2. "Something" (Harrison) - A famosa balada de George Harrison é considera por muitos como o ponto alto do primeiro lado do disco. Ela representou, para críticos, a maturidade de George como compositor, marcada por uma melodia belíssima e pelo famoso estilo de guitarra do "beatle místico". Primeira música de Harrison a ser lado A de um single, "Something" foi regravada por Frank Sinatra, que a considerava uma das grandes canções de amor da segunda metade do século 20, e que, ironicamente, atribua a autoria da canção à dupla Lennon/McCartney. Já Michael Jackson, que nos anos 80 comprou os direitos das músicas Lennon/McCartney, confidenciou a Harrison que gostaria de ter a balada em seu catálogo.
  3. "Maxwell's Silver Hammer" (Lennon/McCartney) - Esta canção de McCartney foi um dos motivos de brigas durante as sessões - fato confirmado por fontes oficiais e não-oficiais. Segundo consta, os outros beatles reclamaram do tempo levado para a gravação (três dias inteiros). Paul argumentava que apenas queria "tudo dando certo". Apesar da melodia agradável, "Maxwell's Silver Hammer" conta, através de versos cheios de humor negro, a história de um maníaco homicida. Paul estava convencido de que ela seria um sucesso, o que acabou não ocorrendo.
  4. "Oh! Darling" (Lennon/McCartney) - Esta canção de Paul é mais uma brincadeira ao estilo dos anos 50 do que uma composição a ser levada a sério. Toda a banda parece se divertir, e a qualidade dos Beatles como músicos fizeram de "Oh! Darling" um número famoso. Para poder realizar o vocal gritado e rasgado que caracteriza a música, McCartney realizava apenas uma gravação dela por dia, no início da manhã, para que sua voz tivesse a força necessária.
  5. "Octopus's Garden" (Starkey) - Segunda colaboração de Ringo Starr para a banda como compositor (a primeira havia sido Don't Pass Me By, do "Álbum Branco"). A exemplo da primeira, esta canção tem uma melodia fácil e uma letra um tanto tola, mas a simpatia de Ringo e a competência dos outros Beatles em acompanhá-lo tornaram "Octopus's Garden" um número muito querido entre os fãs ao longo dos anos. Embora o baterista já tivesse tido duas músicas cantadas por ele nas paradas de sucesso ("Yellow Submarine" e "With a Little Help from My Friends"), essa foi a primeira e única vez que Ringo faria sucesso com uma composição sua nos Beatles.
  6. "I Want You (She's So Heavy)" (Lennon/McCartney) - A composição menos convencional de John Lennon em Abbey Road. Uma das músicas mais longas dos BeatlesBlues levam "I Want You" para um outro nível. Muitos críticos a consideram como uma música de rock progressivo, por sua estrutura e duração. Detalhe: o fim abrupto editado por John foi especulado representar a morte súbita de Paul, em 1966. Outra versão é de que o rolo de fita teria acabado durante a gravação. (com 7 minutos e 47 segundos), é formada por duas melodias inacabadas, unidas em uma só canção. Teoricamente esta é uma canção de amor, mas a fúria e a levada de
  7. "Here Comes the Sun" (Harrison) - Este é outro grande sucesso de George Harrison em Abbey Road, regravado inúmeras vezes ao longo dos anos. O clima cheio de otimismo desta música tem uma explicação: ela foi composta no jardim da casa de Eric Clapton, em um dia que Harrison tirou para descansar dos problemas vividos na gravadora Apple. Na letra, o "longo e frio inverno" representa a empresa. Aqui pode se notar a presença forte do sintetizador Moog, muito usado em Abbey Road.
  8. "Because" (Lennon/McCartney) - Considerada uma das mais belas harmonias da história do rock, comparável aos grandes momentos dos Beach Boys. Na gravação, as vozes de John, Paul e George entram cada uma em três canais, criando uma sonoridade peculiar. É a introdução perfeita para o medley que começa em seguida. Curiosidade: Because é a trilha sonora dos créditos finais de Beleza Americana (1999), filme de Sam Mendes.
  9. "You Never Give Me Your Money" (Lennon/McCartney) - Aqui começa a grande obra de Abbey Road, o pout-pourri formado pelas canções inacabadas de John Lennon e Paul McCartney. Esta foi criada por Paul e dividi-se, na verdade, em três cançonetas distintas: em "You Never Give Me Your Money", a letra é pessimista e mal disfarça sua insatisfação com os rumos da banda, principalmente os financeiros - culpando seu agente na época, Allen Klein. Logo em seguida entra "Magic Feeling", que é sobre estar desempregado e sem perspectivas de futuro e logo após entra "One Sweet Dream", que descreve um sonho dourado. E para finalizar, uma frase com rima, onde os Beatles contam até sete e dizem que "todas as crianças boazinhas vão pro céu".
  10. "Sun King" (Lennon/McCartney) - Um número curioso criado por Lennon, formado pelo verso "Here comes the Sun King" ("Lá vem o Rei-Sol"), seguido por várias palavras em Espanhol, Italiano e outras simplesmente inventadas, sem nenhuma conexão entre si. Os vocais lembram Because, mas não são tão elaborados.
  11. "Mean Mr. Mustard" e "Polythene Pam"(Lennon/McCartney) - Ambas as músicas são de Lennon e foram compostas na Índia, durante o retiro do grupo em fevereiro de 1968. Com um tempo de valsa e uma letra bem-humorada, Mean Mr. Mustard descreve um sovina das ruas de Londres, cuja irmã seria a Polythene Pam da canção seguinte. Para compor "Polythene Pam", Lennon se inspirou no encontro que tivera anos antes com um amigo poeta de Liverpool e sua mulher. Na ocasião, ela estava vestida com uma roupa de polietileno.
  12. "She Came in Through the Bathroom Window" (Lennon/McCartney) - A origem desta canção de Paul McCartney nunca foi confirmada. Reza a lenda que, em Nova Iorque, Linda deu sua filha Heather, então uma criança pequena, para o namorado Paul cuidar enquanto ia ao trabalho. Quando Linda voltou ao apartamento, o músico estaria tão drogado (especula-se, de heroína - ele nunca admitiu ter usado a droga) que não deixava a futura mulher abrir a porta. Ela então teve de usar a escada de incêndio e entrar pela janela do banheiro. Verdade ou não, esta história rendeu um dos Rocks mais interessantes da carreira de Paul nos Beatles, com uma letra cheia de signos e gozações.
  13. "Golden Slumbers" e "Carry That Weight" (Lennon/McCartney) - Estas são duas das mais conhecidas músicas de McCartney em Abbey Road. A primeira foi criada após o beatle ter visto em um livro a letra de uma canção homônima, criada no século XVII. Já que não teria problemas com os direitos autorais, Paul resolveu criar sobre a letra antiga uma melodia semelhante, uma vez que a letra era sobre um tema de ninar crianças. A versão que está no disco tem McCartney ao piano, acompanhado de Ringo na bateria e uma orquestra com cordas e sopros. "Carry That Weight" segue logo após, e é composta de apenas dois versos cantados pelos quatro beatles, com um arranjo semelhante ao da música anterior. No meio, ela ainda tem uma volta ao tema de "You Never Give Me Your Money". As duas canções têm presença constante nos mais recentes shows de Paul McCartney.
  14. "The End" (Lennon/McCartney) - O título desta música de Paul McCartney diz tudo: ela não só fecha o disco, mas também a carreira dos Beatles antes da separação. Os destaques dela são o solo de bateria de Ringo (o único de sua carreira, e um dos primeiros registrados na história do rock) e o verso final, considerado o epitáfio da banda, que diz: "And in the end/The love you take/Is equal to the love you make" ("e no fim/o amor que você leva/é igual ao amor que você faz").
  15. "Her Majesty" (Lennon/McCartney) - Esta é a "faixa escondida" de Abbey Road. Ela surge após um silêncio de 14 segundos, no fim de The End, e dura apenas 23 segundos, com Paul cantando acompanhado do violão. Originalmente ela estava entre as músicas "Mean Mr. Mustard" e "Polythene Pam" (O primeiro acorde da faixa é na verdade a última nota de "Mean Mr. Mustard", e a música acaba abruptamente porque ela emendaria com o primeiro acorde de "Polythene Pam"), mas como Paul não gostou da posição original da música, pediu para o engenheiro de som retirá-la e ele a colocou no final da fita matriz, onde ficou e acabou saindo no LP assim mesmo. Ela foi criada por Paul após os Beatles terem recebido os títulos de Membros do Império Britânico (MBE) das mãos de Elisabeth II, em 1965. Na primeira edição do disco, ela não foi creditada na capa do LP (vinil), apesar de vir creditada no selo do disco vinil.

Capa

A famosa fotografia da capa do álbum foi tirada do lado de fora dos estúdios Abbey Road em 8 de agosto de 1969 por Iain Macmillan. A sessão de fotos durou dez minutos e foram feitas seis fotos. Paul McCartney escolheu a que achou melhor. A foto foi objeto de rumores e teorias de que Paul estaria morto, vítima de um acidente de moto em 1966. Apesar de ter sido apenas uma brincadeira e puro marketing do grupo, a "lenda" ainda é assunto de alguns beatlemaníacos. Na capa do LP, os Beatles estão atravessando a rua em uma faixa de segurança a poucos metros do Estúdio Abbey Road, e ficou marcada para sempre para muitas pessoas.

A foto conteria supostas "pistas" que dariam força ao rumor de que Paul estava morto: Paul está descalço, fora de passo com os outros, está de olhos fechados, tem o cigarro na mão direita, apesar de ser canhoto, e a placa do carro estacionado é "281F", supostamente referindo-se ao fato de que McCartney teria 28 anos se (if em inglês) estivesse vivo. (O "I" em "28IF" é realmente um "1," mas isso é difícil de se ver na capa. Um contra-argumento é que Paul tinha somente 27 anos no momento da publicação de Abbey Road, embora alguns interpretem isso como "ele teria um dia 28 anos se ele estivesse vivo".) Os quatro Beatles na capa, segundo o mito "Paul está morto", representariam o Padre (John, cabelos compridos e barba, vestido de branco), o responsável pelo funeral (Ringo, em um terno preto), o Cadáver (Paul, em um terno, mas descalço - como um corpo em um caixão), e o coveiro (George, em jeans e uma camisa de trabalho denim). Além disso há um outro carro estacionado, de cor preta, de um modelo usado para funerais. O homem de pé na calçada, à direita, é Paul Cole, um turista dos EUA que só se deu conta que estava sendo fotografado quando viu a capa do álbum meses depois.

Curiosidades

  • Durante as gravações de Abbey Road, o engenheiro de som Geoff Emerick fumava muito os cigarros da marca Everest. Por algum tempo, ficou decidido entre os Beatles que este seria o nome do disco.
  • Abbey Road é o álbum mais vendido dos Beatles.
  • Esse foi mais um trabalho dos Beatles envolvendo o polêmico número nove. Sintomaticamente encerrando a carreira dos Beatles (Abbey Road = 9 letras), segue a linha de "Revolution 9" e que depois seria retomada por Lennon em sua carreira solo, # 9 Dream, e em diversas outras citações do ex-beatle.
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